– Perante o balanço de 60 INDICADORES, com os MENOS a sobreporem-se aos MAIS e Algarve no “fio da navalha” face ao exterior, são precisas para 2017 medidas de fundo para acelerar um crescimento sustentado.

SÍNTESE

O balanço/ radiografia do Algarve 2016 feito pela União pelo Futuro do Algarve aponta para um ano turístico conjunturalmente positivo e melhor que 2015, com recordes nas dormidas (60milhões), divisas (7.000 milhões) e forte queda no desemprego (-3 pontos percentuais no verão), mas em que estruturalmente persistem as grandes insustentabilidades económico-empresariais e outras, até com ameaças à “sobrevivência” regional. Nos setores primário e secundário e economia no geral também melhorou, mas na zona serrana piorou.

Por outro lado, são uma preocupação maior as previsões de queda da economia do Reino Unido (já com uma desvalorização da libra face ao euro superior a 16% no pós Brexit, sem grandes reflexos neste ano porque contratos estavam feitos)*, pois os britânicos representam mais de 50% das dormidas de estrangeiros na região. São precisos muitos mais turistas de outros mercados, sendo perigosa para o Algarve esta extrema “britânico-dependência”, estando o resto do país muito menos exposto (e ainda bem) apenas com cerca de 12%. Acresce que a Irlanda, muito dependente da economia do Reino Unido, representa cerca de 10% das dormidas do Algarve.

Sem dramatismo, mas com realismo, é indiscutível que o “Algarve está no fio da navalha”, o que temos de combater. Mas, pelas divisas, em parte, o país também está pois o Algarve representa cerca de 80% das dormidas dos britânicos.

A estes riscos, acrescem de entre aos 60 indicadores em anexo (34 MENOS e 26 MAIS), os seguintes cinco perigos capitais: falta de um Plano de Desenvolvimento Regional; bloqueio à entrada de espanhóis com o “Muro do Infante” (portagens), com apenas 150.000 passagens/ano no primeiro pórtico; ameaças da exploração de petróleo e gás natural; problemas de estruturas e falta de meios humanos na saúde; e poucos recursos financeiros para a Universidade do Algarve. Nos MAIS, salienta-se o avanço das ETARs Faro/Olhão e Pedra Mourinha; a descida do IVA da restauração; e os fundos comunitários, apesar de poucos e muito desajustados.

Estas conclusões foram agora aprovadas numa reunião da Direção da Associação em que foi reiterada a disponibilidade para se assumir em plenitude o papel de parceiro social junto das entidades públicas e com cooperação ativa.

  

  1. ECONOMIA TURÍSTICA

As presenças provenientes do turismo aumentaram, bem como o gasto médio dos portugueses per capita, com reflexo no aumento do volume de negócios das empresas, amortização de alguns passivos e enorme diminuição do desemprego no 3º trimestre (de 10,2 para 7,3% em relação a 2015), ainda que temporário face à estrutura muito sazonal da economia.

Tendo em conta as projeções até ao fim do ano para o alojamento hoteleiro (segundo os dados do INE) e as estimativas de dormidas para o alojamento não hoteleiro, atingir-se-á um valor record total de cerca de 60 milhões de dormidas. Ainda assim, longe dos 90 milhões (e com muito menor sazonalidade do que agora) que, segundo o PRESALG, é o limiar mínimo para a sustentabilidade dos negócios e emprego mais estável no conjunto da economia turística (alojamento, comércio, restauração, transportes, animação e serviços diversos, envolvendo diretamente ou dependentes cerca de 70% das empresas). É de referir que a necessidade dos 90 milhões, corresponde a cerca de 50% do total da capacidade instalada de dormidas potencial/ ano dos não residentes, que é da ordem dos 180 milhões.

Outro record são os cerca de 7.000 milhões (55/60% do país) de divisas com que o Algarve contribuirá para a balança de serviços, na rubrica Viagens e Turismo.

Ainda quanto às dormidas, na hotelaria rondarão os 18 milhões, com um aumento da ordem dos 8%, enquanto no outro alojamento serão ultrapassados os 40 milhões, mas com um aumento percentual muito inferior.

Perspetivas no turismo, objetivos e medidas

A forte instabilidade no mediterrâneo contribuiu em muito para estes aumentos, mas perante estes bons resultados estimulantes, a extrema instabilidade internacional (Brexit, novas políticas nos EUA, incertezas na UE), perigos atrás referidos e profundos problemas estruturais que o Algarve tem, há que atacar a sério na promoção e noutras medidas, para que os turistas que vieram voltem e captar muitos outros, sobretudo na época baixa, aumentando o ritmo de crescimento de 2016.

Neste contexto, é indispensável também que seja retirada a barreira à entrada dos espanhóis (fim das portagens), pois os últimos dados apontam para a passagem de apenas 150.000 viaturas de matrícula estrangeira/ano no primeiro pórtico no sentido nascente/ poente, o que é ridículo tendo em conta que só a Andaluzia tem 8 milhões de habitantes.

  1. OUTROS SETORES DA ATIVIDADE ECONÓMICA

A imobiliária turística teve um impulso, mas sobretudo negócios de maior dimensão tiveram quebra acentuada desde que começou o debate dos aumentos de impostos sobre o património.

Como a Associação Algfuturo tem apresentado em vários documentos, outros setores têm pouca representatividade na riqueza regional, apenas 12,5% para o conjunto da agricultura, silvicultura, pescas, indústria transformadora e extrativa e construção civil.

Pelos inquéritos feitos pela Associação, é de salientar que no geral o ano na agricultura, pescas, bivalves e construção civil foi positivo e melhor que 2015.

Quanto à economia da zona serrana, o ano pode considerar-se mau, desde logo com os incêndios e com quebras na produção para cerca de metade no mel e medronho. A cortiça valorizou-se mais.

Nota: Os dados apresentados têm suporte: na sequência do PRESALG – Programa de Reformas para a Sustentabilidade do Algarve 2017/2026 (apresentado pela Algfuturo em meados deste ano); acompanhamento feito ao que ocorreu este ano; e análise da atividade económica e emprego, com base nos dados estatísticos oficiais e inquéritos e estudos realizados pela Associação.

 

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Cumprimentos

Algarve, 13 de dezembro de 2016

A Comissão Executiva da Associação Algfuturo